segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Raphaela

- Que porra você vai fazer na Romênia?

Já me acostumei com essa pergunta. Em qualquer buraco que eu parava e explicava que estava fazendo um mochilão inicialmente para depois ir para um intercâmbio, todo mundo questionava o destino final.

O estranho foi o guarda da imigração do aeroporto de Bucareste me perguntar a mesma coisa...

A minha primeira parada no país em que vou ficar pelas próximas 7 ou 8 semanas foi na capital, num albergue um pouquinho diferente dos que achei no caminho, mas também bem confortável.

Bucareste é uma cidade muito interessante. A primeira impressão que tive é que cidade é meio vazia. Sempre que andava pelas ruas, não via muita gente. É bem provável que isso se devesse ao fato de eu ser um completo desocupado e nas horas em que eu passeava as pessoas normais estavam trabalhando. Ou não.

A melhor parte, acho que em todas as cidades foi assim, foi numa bela manhã encontrar uma brasileira no albergue e não o americano esquisito que sempre comentava de como o café estava frio.

Eu, Raphaela e seu amigo espanhol Jordi saímos para conhecer a cidade. Basicamente pegamos o mapa do free tour que tem lá e tentamos seguí-lo. Vimos o parlamento, igrejas, casas abandonadas, lojas, tomamos um chocolate quente horrível, rimos, conversamos e, obviamente participamos dos protestos na cidade.





Cheguei no país num momento um tanto especial.  
As pessoas estão protestando em várias cidades, pedindo o impeachment do presidente. Pelo que eu entendi começou com a crise mundial, que fez com que ele quisesse privatizar o sistema de saúde, sobretudo a parte das ambulâncias, que todo mundo gosta muito. 

Até vi na televisão algumas coisas, mas achei um certo exagero. Será que passou alguma coisa no Jornal Nacional? 

Não são protestos violentos. Na verdade, basicamente consiste em senhores e senhoras de idade, que em vez de se reunirem para jogar dominó, tomar chá ou ir pra igreja, vão para algum ponto importante da cidade com cartazes e ficam gritando por uma meia horinha "Caia, Basescu" e depois vão pra casa cuidar dos seus afazeres.


A parte mais engraçada foi quando eu estava na Piata Universitati, no centro de tudo, gravando um video sem grandes pretensões e uma tia apareceu procurando conversa. Pedi para ela explicar a situação e ela o fez. Em romeno. E quando disse que não entendia porra nenhuma, ela virou para a brasileira do meu lado e mandou ela traduzir. Como se ela soubesse. O pior é que eu não me aguentei e enquanto ela gentilmente explicava a sua revolta, eu me acabava de rir atrás da câmera...




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