Para quem está acostumado a desde pegueno enfrentar viagens de ônibus de Salvador para Nova Soure, rodar de buzão pela Europa parece fácil.
E na verdade até que é.
A parte mais chata mesmo é o tempo sem fazer absolutamente nada. Olhando para cima e pensando na vida.
Mas até já desenvolvi técnicas de passar o tempo nessas situações em virtude da minha experiência na estrada. Peguei um livro pra ler, elaborei tópicos sobre os quais discutir comigo mesmo e procurei mantras para aumentarem minhas chances de fazer uma projeção astral nessas 16 horas de Praga a Amsterdã.
Mas na verdade nem foi preciso tanto. Se eu disser que "nem vi a hora passar" é uma sacanagem sem tamanho, porque entediante foi. Principalmente por saber que isso diminuiu um dia da minha estada em Amsterdã.
Só que não foi uma tortura. O ônibus não era tão luxuoso como qualquer tabaréu tende a pensar só por se tratar de algo europeu, no entanto tinha alguns breguetes que ajudavam a passar o tempo.
Não sentou do meu lado ninguém disposto a conversar, mas pelo menos passaram alguns filmes para me distrair e numa das cinco estações de rádio que tinha, havia uma de música "pop" estrangeira. Vim escutando Eminem e Maron 5. De filme teve Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1, mas não consegui trocar meu sono para assistí-lo.
Aliás, consegui dormir até que muito bem.
Acho que viagens assim te deixam menos fresco pra algumas coisas. Deu um lugar para se encostar depois de ter andado das 8 da manhã às 10 da noite, você dorme. Não importa frio, não importa barulho, não importa movimento, não importa conforto. Se tiver um cachorro urinando em você fica melhor ainda porque a urina te esquenta.
E quando acordei, pude ficar levemente feliz pela escolha de andar de ônibus. Percebi que estava atravessando a Alemanha. Não desci em nenhuma cidade para tirar fotos porque estava frio como a porra, mas pude admirar as casinhas típicas que o pessoal do Rio Grande do Sul invejou.
Passei por Bonn e por Dusseldorf e mais outras que não lembro e não saberia escrever. E ainda passei em Roterdã, o que me lembrou as saudosas aulas de geografia do tempo do Ensino Fundamental.
Em miúdos, para quem estava acostumado em, ao olhar pela janela de um ônibus, ver Olindina - Dona Maria - o entroncamento de Crisópolis - Inhambupe - Catu e Mata de São João, as casinhas germânicas, os bosques, as florestas e um dos portos mais famosos do mundo, foi uma experiência e tanto!
(Nova Soure - Olindina - Dona Maria - Inhambupe - Alagoinhas - Catu - São Sebastião do Passé - Salvador)
Nenhum comentário:
Postar um comentário