Evaldinho
Sempre me disseram que o sistema de transporte nas cidades europeias é estonteantemente lógico e integrado. Nunca achei que fosse coisa de outro mundo, mas dou meu braço a torcer.
Alguém que até hoje se perde em Salvador em menos de três dias já consegue rodar por toda a cidade sem grandes dificuldades.
Em Praga é realmente muito fácil. Tem trens noturnos, ônibus, metrô, barcos... Você nem precisa se preocupar com táxis. Ou melhor, deve se preocupar com táxis... em NÃO usá-los. Vim pra cidade lendo apenas isso: não use táxis em hipótese alguma! (A não ser aqueles com o símbolo 'AAA'). Todas as pessoas falam que aqui eles te roubam, te matam, te estupram e ainda dão o troco errado!
Usei mais o metrô, que é muito legal. E Praga ainda tem uma particularidade muito interessante. Não funciona com catracas.
O que faz com que as pessoas paguem pelo transporte, além senso cívico, são fiscais à paisana que multam em quatrocentas coroas (cerca de quarenta reais) se pegarem alguém fazendo algo errado, mas convenhamos que se você está saindo de uma boate às quatro da manhã num frio desgraçado é altamente provável que não tenha ninguém para conferir seu bilhete.
Burlar o sistema do metrô pra um turista de Salvador equivale a comer chocolate nas Americanas sem pagar. Uma vez na vida todo mundo já fez ou vai fazer.
Quem mora aqui tem um cartão recarregável, mas no meu caso são bilhetinhos de papel que devem ser validados em maquininhas especiais, que o carimbam com a data e a hora a partir das quais ele passar a viger.
Diferente de outros lugares, vocês não paga pela passagem em si, mas pelo tempo que usa o sistema integrado, seja trinta minutos, uma hora ou três dias.
Assim que cheguei no aeroporto, comprei o máximo que pude, achando que estava no lucro. Paguei cerca de 32 reais. Achei que saí no lucro, mas foi como rasgar dinheiro.
E o pior é que praticamente rasguei. Como Salvador só terá metrô quando ACM ressuscitar para julgar os vivos e os mortos, as referência que eu tinha disso eram muito poucas. O tabareu aqui ficou colocando o ticket de três dias várias vezes na máquina de validação. Só que isso na verdade rasura o bilhete, porque fica um carimbo em cima do outro e o fiscal não conseguiria ver a partir de que horas o bilhete funciona.
Assim, eu já estava na informalidade qualquer jeito. Não iria comprar outro bilhete.
Passei a viver perigosamente. Comprei mais dois do mais barato e fiz certas maracutaiazinhas pra não pagar, como passar rápido pelos guichês, usar em horários que não tenha muita gente, não andar devagar com cara de turista, carimbar do lado errado pra dar uma disfarçada e continuar com o bilhete intacto pra uma emergência e se um fiscal vier tirar satisfação, falar só em português e dizer "próxima, próxima" como se fosse apenas mais uma vítima desse capitalismo opressor.
Por enquanto deu certo assim.
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