A chegada em Lisboa foi bem tranquila. A passagem pela imigração também. O problema mesmo foram as filas, que não acabavam mais. O bom é que passo a crer que a existência de gente lerda não é problema exclusivo do Brasil.
Tive só um susto, por causa da mala. Já levo comigo a experiência de uma amiga turca que foi fazer o intercâmbio em Salvador e teve a bagagem extraviada pela companhia aérea. Antes mesmo de se apresentar às pessoas, ela dizia: I lost my luggage. Foi uma ladainha que me deixou traumatizado.
Como por causa do horário dos voos, perdi a conexão para Praga hoje, pude passar um dia em Lisboa e me hospedar num hotel às custas da TAP. Hotel Roma, a dez minutos do aeroporto. É tipo um Ibis mais acabadinho.
Eu sei que já é assunto batido a diferença dos idiomas, mas não tenho como deixar de comentar. Algumas vezes é simplesmente ininteligível o que eles falam. Aquela voz do aeroporto, que em qualquer lugar do mundo tem um inglês péssimo, falava um português ainda pior. E como eu não conheço nada por aqui, passei o dia inteiro pedindo informações. Saí como o retardado, porque simplesmente não entendia porra nenhuma do que eles diziam. Fora que em algumas situações tive que me segurar para não rir na cara das pessoas. Eles usam muito o diminutivo. É engraçado ver um senhor parrudo dizer "obrigadinho".
O povo do hotel com certeza acha que eu sou demente. Primeiro não sabia ligar a luz. Tentei de tudo quanto foi forma. Até me atrevi a mexer no quadro geral, sem sucesso. Eu sabia que tinha que colocar aquele cartão que eles dão na entrada num lugar específico, mas tinha que apertar bem. E pior ainda foi usar o banheiro. Era uma banheira, mas como estava com pressa, queria usar a ducha que tinha. Quem disse que eu consegui ligar? Mas não quis parecer ainda mais burro de perguntar na recepção.
O passeio pela cidade foi bem legal.
Nunca morri de amores por conhecer Lisboa, mas como surgiu a oportunidade, não ia ficar trancado no quarto mofando.
Peguei um mapa na recepção e me aventurei. Sou horrível para andar até mesmo em lugares conhecidos, então não era surpresa que ia me perder. Me perdi várias vezes e o pior é que era em lugares tensos.
Mas a culpa também é dos portugueses. Além da dificuldade de entender o que eles falam, eles não são bons para dar instruções. Quando um chega e diz para você "Sigas direto e depois subas", isso quer dizer mais ou menos "siga, dobre à esquerda quando a rua cehgar ao fim, entre numa viela, depois em outra, depois em outra e chegue no lugar completamente diferente do esperado".
Não sabia que Lisboa tinha tantas vielas. São muitas. Tendendo ao infinito. E lúgubres. A própria Morte deve ter morada em algum daqueles casebres que exalam uma energia pesada. Lembram muito o Pelourinho de Salvador. Só que lá, apesar de provavelmente ser mais violento, tem um ar diferente. No mínimo vai estar tocando um arrocha e quando o assaltante vier querer tomar seu celular, ele vai te chamar de meu brother e vai sair agradecendo.
As vielas de Lisboa além de intermináveis, são frias, cinzentas e dão a nítida impressão que vai existir um crime na próxima esquina.
Comigo quase existiu. Não sei por que cargas d'água resolvi entrar por elas. Até sei. Estava andando sem destino, mas tinha uma leve intenção de conhecer o Castelo de São Jorge, que fica no bairro da Mouraria.
Obviamente não encontrei o castelo nessa situação. Mas encontrei um cara muito estranho e muito mal encarado que perguntou se eu estava perdido. Eu disse que não e continuei andando. Olhei para trás e ele perguntou de novo. Dei as costas e disse que não balançando o dedo.
Apressei mais ainda o passo e dobrei a esquina. Até então estava tudo deserto, mas por sorte tinha um casal de turistas na rua onde eu saí. Um segundo depois o brother já tinha descido correndo e resmungando um monte de coisas que eu não entendi. Fiquei todo arrepiado achando que minha viagem acabaria ali.
O casal de turistas tentou continuar seu passeio tranquilamente. Mas se eles não queriam ser solidários por bem, que ao menos servissem de escudo. O tempo todo fiquei entre o casal e o maluco. Não entendi se de alguma forma eu o ofendi ou se eram apenas as drogas, mas não me atrevi a pedir esclarecimentos.
Os passos apressados dos turistas deram numa viela que pela graça divina eu conhecia. Saí correndo e voltei para a orla da cidade, que é muito parecida com o bairro do Comércio em Salvador, pelo menos o lugar onde eu estava.
Por um tempo achei que o cara estava me seguindo, mas depois vi que não.
Mas acabei me perdendo de novo. Só que dessa vez foi bom, porque isso me levou ao tal Castelo de São Jorge. Olhei umas coisinhas mas nem pude entrar, porque era pago. Não quis pegar a fila porque já estava anoitecendo e não tinha certeza se aceitariam meu Visa Travel Money.
(Acho que essa agora é minha sina. Nos bons tempos em que tinha auxílio alimentação, ficava perguntando em todo lugar que eu fosse se aceitava Visa Vale. Agora tenho que ficar perguntando se aceita Visa Travel Money. E o pior que é um monte de lugar em Lisboa só se aceitam Multibancos Portugueses, seja lá o que isso quer dizer.)
Ainda me perdi mais uma vez nesse dia. Resolvi ir para o Bairro Alto, que me disseram ser um lugar boêmio cheio de barzinhos. Inventei de ir. Até foi fácil de chegar lá. Fiquei rodando por aquelas vielas malditas, mas o que eu queria às seis da tarde de uma quarta-feira de inverno?
O bicho pegou na hora de voltar. Achava que já estava acostumado de subir e descer ladeiras em Salvador, mas quem disse...
(O que eu conheci de Lisboa e o que fiz pra chegar lá)
Quando finalmente cheguei no Hotel foi com a língua no chão.
Mas foi realmente um dia ótimo. E nem foi toda hora que me perdi. A Praça do Comércio foi um lugar absurdamente interessante. Vi apresentações musicas de rua bem legais que fizeram o dia ser bem diferente até do que eu esperava, como essa:
Cirooooo! Estou adorando acompanhar suas loucuras =D
ResponderExcluirBoa Sorte!!
Ps.: o vídeo ficou massa e não esqueça de beber água por aí. rsrs
Como é que você sabe que eu estou sem beber água, Helena?
ResponderExcluirSempre esqueço... Mas amanhã vou comprar!
não entendi pq o post chama Joaquim, mas tudo bem. Deveria estar mais para Yagmur..hahahahaa
ResponderExcluirBom, você é um cabeção. Eu tenho uma grandeee amiga em lisboa. Até de falei dela. Certeza que ela iria adorar sair para passear com vc. ela adora brasileiros (pq ela acha que todos são legais como EU, hehehe) e vai hospedar Caio e David por dois dias!
Uma outra amiga que mora em Portugal (Évora) disse que os portugueses dão informações assim "sempre em frente!" e só. você que se vire pra encontrar.... ahahha
o castelo vale a pena? passo 3 dias em lisboa! =**
O post é com o nome mais português que eu conheço...
ResponderExcluirMentira. É por causa do video da galera tocando. Lembrei dele, que gosta dessas coisas.
E quem é essa sua amiga que gosta de hospedar pessoas? Voltarei a Lisboa do dia 10 de março ao dia 13, quando pego meu voo pro Brasil. Preciso de um lugar pra passar 2 noites, será que ela me hospedaria também?